* PICO DO AREEIRO

PICO DO AREEIRO - MADEIRA

A Madeira, na sua ilha principal, evidencia toda a sua estrutura geológica vulcânica, acentuada nas suas grandes escarpas e declives ,particularmente nas montanhas, onde a sua altitude, dimensão e recortes, onde no abismo, a expressão do basalto das rochas,se alia ao verde profundo , à floresta intensa ou aos recortes da urze nos píncaros inacessíveis, todo uma vegetação que cobre na sua quase plenitude todo o espaço, até nos confins dos rochedos,contrariamente à pequena ilha do Porto Santo, arenosa, calcária, onde predomina o dourado das areias e a baixa altitude, apenas marcado pelo Pico do Castelo, sobranceiro a toda a Ilha.

No maçico central da Madeira, predomina esta estrutura rochosa, volumosa, imponente e soberba, na cordilheira que integra o Pico do Areeiro ( 1818 m), o Pico das Torres ( 1851 m) e o ponto mais alto, só acessível por trilhos pedrestes, entre o abismo e as alturas, o Pico Ruivo ( 1861 m), toda uma paisagem marcadamente vulcânica e impressionante, acima das nuvens, perdida na vertigem e no assombro, do que é rude, telúrico e natural, mas de uma beleza invulgar, singularmente invulgar, no quase arrepio de uma sensação cósmica e arrebatadora, que toca os sentidos e alma.

Chegamos ao miradouro do Pico do Areeiro, indo da cidade do Funchal, pelo Poiso, subindo a área montanhosa, serpenteando a paisagem, ao encontro deste infinito, acima das nuvens, onde somos pequenos, perante o impacto, o declive e o rochedo rugoso.

Dali parte o trilho, atapetado de lajes de basalto, em escadaria, que ora sobe ora desce, ou sossega em breves planos , ladeados de abismo e rochas, trilhos que penetram no corpo da montanha, serpenteando-a, onde a mão humana.,o engenho e o trabalho, conseguiram desbravar,até chegar, 6 Km depois, nessa aventura mágica, ao Pico Ruivo, que sobe mais, até aos céus, onde se se pode disfrutar do encanto do nascer ou do pôr-do-sol, no cume dos cumes, onde planam nuvens e gaivotas e o vento frio das altitudes arrepiantes.

Do Pico do Areeiro, ficam algumas imagens, mas ilustrar, necessariamente aquém do que só os olhos e os sentidos podem observar, quando por lá passamos, quando experimentamos estar lá, com o vento frio na face,entre a bruma das rochas e o mar de nuvens e aquele o céu, profundamente azul, como nos sonhos, como vi, num dia de Setembro, relembrando outras visitas, de outros tempos.

Rui Gonçalves da Silva - Setembro de 2014