* pintura NAIF: a arte do genuíno e simples

ARTE NAIF

Tudo o que é simples, natural, intuitivo,inovador, tudo o que é expressão da alma, das emoções, desperta o meu interesse e curiosidade. Gosto de formas de arte, que quebrem os convénios, não naqueles modos de um pseudo eruditismo ( no que assim entendo), de uma arte que se afirma pela vacuidade, pelo profundo vazio, mas no que tem sentido estético, mesmo que de uma forma muito própria e espontânea.

E nesta perspectiva, a arte NAIF, mais concretamente a pintura NAIF, é uma forma de criatividade que me interpela, por essa dose de ingenuidade criativa, de simplicidade encantatória que me fascina e deslumbra, deixando-me sempre num misto de perplexidade e sedução, pela forma como se expressam os artistas desta arte, tantas vezes, fantásticos e surpreendentes no modo como encarnam os seus sonhos e os colocam na tela, de uma maneira tão simples, tão natural, tão própria, como se fosse um sorriso, uma frase profunda, um grito, um gesto que cala fundo e nos surpreende.

Da arte NAIF é dito que é expressão dos "primitivos modernos",dos que ignoram as regras básicas da pintura, que usam as cores primárias sem nexo, que usam a perspectiva de forma imprópria,que utilizam técnicas rudimentares.Mas, para mim, é isso que a singulariza e a faz genial e perfeita, nas suas ditas imperfeições, é na concretização de tudo isso que se ergue a beleza, o espanto, o mais profundo do puro acto de criar, assim como se fosse um rio a correr, o Sol a brilhar, um pássaro num voo livre, um gota de água, tudo como modo máximo e sublime da criação autêntica, genuína, instintiva, sensorial, que me seduz e espanta.

* Rui Gonçalves da Silva /Madeira