* Pinturas de MARTA de CASTRO
MARTA DE CASTRO - A exaltação do sublime
Marta de Castro, nasceu no Funchal(Madeira) e segundo consta, dedicou-se à pintura desde muito jovem (15 anos), revelando desde logo, especial arte e mestria, que se confirmou e consolidou com o tempo e a experiência, como é patente no evoluir da sua obra. Licenciada em Farmácia (Coimbra), posteriormente frequentou a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e o Instituto de Arte e Design da Madeira.
Professora de ciências e matemática e conforme afirma " a arte adorna a ciência", explicando a coexistência da pintura com o ensino.
Na sua actividade enquanto pintora, participou em várias exposições individuais e coletivas desde 2004, em vários locais e cidades, com trabalhos a óleo, pastel, aguarela, guache e gravuras.
Realizou até 2018, 10 exposições individuais: 2004 (galeria Bozart/Lisboa), 2005 (Sala de exposições da Secretaria Regional do Turismo/Funchal), 2009 (Salão nobre do teatro municipal do Funchal), 2010 (Galaria Bozart/Lisboa), 2010 ( Galeria do Instituto Português de S. António/Roma), 2014 (Palacete dos Viscondes de Balsemão/Porto), 2015 (IP Camões/Lisboa), 2015(Casa municipal da Cultura/Coimbra), 2015 ( Caravel Art Center/Funchal), 2018 (Igreja N.S. das Graças/Funchal).
Em Janeiro de 2019, realiza a sua 11ª exposição, novamente no Funchal ( Teatro Municipal), onde tinha exposto pela primeira vez em 2009, subordinado ao tema "Tropismos", expondo nesta 21 obras, das quais 9 criadas para esta mostra, constituindo uma exposição de inegável qualidade, pela dimensão da sua obra e sobretudo por tudo o que nos revela, da sua evidente maturidade com artista, da sua arte e sensibilidade.
Nesta oportunidade, divulgou também o seu livro "A musicalidade no gesto", onde reúne o essencial das suas obras, acompanhada de textos alusivos, constituindo uma edição bilingue de excelência e de referência.
Já possui uma obra com um acerco significativo, de qualidade reconhecida, revelando um estilo próprio, quer na concepção, na execução e sobretudo na sua criatividade, na linha de uma evidente sensibilidade, aliado ao domínio pleno da técnica, na arte de pintar, na subtileza e na harmonia das cores e tons que utiliza, na sobriedade exaltação das suas emoções, que imprime nas suas obras, marcadas pelo fantástico, pela representação de realidades no plano do surrealismo, onde se evidenciam elementos inerentes à realidade regional - as flores, o mar, o céu, os frutos, a natureza - que pairam nas suas representações em universos oníricos e pictóricos, onde fluem sonhos e visões de si e do seu mundo, num olhar sereno, emotivo e sensorial, onde predominam os afetos, os gestos contidos, as emoções, um imaginário fantástico, mitigado de pormenores que insinuam/instigam, leituras subjectivas e mensagens subliminares, transformando a sua pintura, cada obra, num apoteose e numa permanente exaltação do belo, do fascinante, do mágico e do onírico.
Cada pintura, cada obra, incentiva a leituras diversas, de acordo com a sensibilidade do outro, num jogo infinito de descobertas, num exercício de fascínio e sedução.
São tantos os sinais e os enigmas que se pode ver/ler nas suas várias obras, pois nelas, nada é óbvio, nada é linear,mas exultante de sentidos e significâncias, embora num singela expressividade, sem arrogâncias ou laivos de pseudo intelectualidade.É numa aparente simplicidade que exprime a complexidade do seu imaginário.
O que diz uma concha com morangos? Um figo no pé?Que olham os apóstolos na última ceia? Que expressam violetas a brotar de uma nuvem? O que representa uma romã desfeita no colo de alguém? Que sinaliza uma mão aberta no céu? Que grito ecoa no cavalo que voa na noite? Que ternura nos lábios rubros que sustêm um brinco de cerejas? Que serenidade exala uma bailarina num prado imaginário? Onde nos conduz os aromas do maracujá? Que enigma existe nas flores púrpura de um tropismo imaginado? Que ternura e vigor expressam as suas personagens?Enfim, são tantos sinais, tantos labirintos, tanto espaço para a imaginação....
O que encanta nas suas pinturas - enquanto comum observador - é o que elas expressam de magia, de sensorialidade, de emoção, e o que possibilitam de desfrute do olhar e do pensamento, numa tranquila viagem pelos atalhos do sonho, até onde se pode ir.
Partilho assim neste meu espaço, algumas das suas pinturas/obras, para dar conta do que elas expressam - as palavras ficam sempre aquém do que se pode e quer dizer - e evidenciar do valor e mérito desta artista singular,expressiva e genuína, que voa para além do seu espaço/mundo insular, que merece ser reconhecida de forma mais ampla e profunda,para o que dou o meu simples e modesto contributo, fã seduzido do seu trabalho e da sua arte.
Rui Gonçalves da Silva / Funchal/Madeira