*Veneza

É uma cidade singular e única,lacustre, implantada nas águas do Adriático, sujeita às marés, com o imenso casario clássico e colorido, nas margens dos canais, ou em turbilhões de atalhos, ruelas estreitas, numa densidade de edificações impressionante, nesse dilema das suas gentes, de viver em Veneza, pelo turismo, pelo fervilhar de tantos visitantes, mas condicionados à limitação do espaço, em aglomerados muito marcados pela erosão do tempo, das águas e da humidade.

Veneza é mesmo diferente. Uma cidade na água, com ruas/canais, por onde se faz a vida normal, barcos e barcos navegando por essas linguas estreitas de água, ou nas vielas que serpenteiam a cidade, com pontes e pontes,num ambiente algo bizarro.

Visitara Veneza há uns anos, pela primeira vez, e na minha memória essa paisagem singular, de casas plantadas na água, os canais, as gôndolas coloridas, e ficara encantado pela experiência. Chegara de combóio então, numa sexta-feira, um combóio que ia para Trieste e atravessou a noite toda, a Itália em fundo, mágica naquela penumbra e depois amanhecer, rodeado de água na estação de Veneza-mestre. Um sonho essa viagem, um sonho essa visita.

Agora, mais recentemente outra visita, num grupo, chegando de barco a Veneza. O reencontro com este mundo sempre presente na minha memória.Vi outra vez Veneza, à descoberta de novos encantos, andando mais seguro pelas ruelas, ladeando canais, sentindo o odor, o bolor dos tempos, e sempre o fascínio das casas, das praças, das igrejas, das lojas, das máscaras e a redescoberta dessa fabulosa Praça de S. Marcos, e toda aquela envolvência majestosa dos edifiíios, das esplanadas, dos cafés, dos candeeiros roxos e o mar em fundo, aquelas marés irrequietas na dança das gôndolas. Dessa Veneza dos meus olhos, da minha emoção, sobra este registo, nas fotos, sempre aquém do vivido, apenas como simples lembrança.