* VISCONDE DO PORTO DA CRUZ (MADEIRA)- Alfredo de Freitas Branco

VISCONDE DO PORTO DA CRUZ (MADEIRA) - ALFREDO DE FREITAS BRANCO ( 1890-1962)

Este é um personagem marcante, à sua maneira, da vida regional madeirense e do País, não da forma mais positiva, pelo contrário, pelos seus ideários de apologia de regimes ditatoriais e fascistas, integrando a histórica e a vida política e social do seu tempo - uma época muito característica e conturbada da vida regional e nacional, abrangendo o final da monarquia, a implantação e o período da república e do Estado Novo - marcante pela sua intervenção ideológica polémica e fundamentalista - apoiante de ideologias e credos de índole conservadora, nacionalista, monárquica e de extrema direita, com revelou de forma mais evidente, no seu apoio à ideologia fascista e germanófila, contrastando ou não, com o seu perfil e na vasta obra cultural, numa simbiose de extremos, que o torna singular e por isso a suscitar um olhar e este registo histórico, no contexto das personalidades originárias da Madeira, com dimensão nacional, independentemente dos valores que defenderam e dos seus percursos de vida e de qualquer análise valorativa. A sua intervenção política e ideológica, situam-no no oposto dos combatentes revolucionários e democratas do seu tempo - como foi o caso paradigmático do Visconde da Ribeira Brava, seu conterrâneo - mas eventualmente reflectirá, o contexto conturbado vivido à época, e o caldo ideológico desses períodos, com radicais nos vários campos, todavia a história saúda,enaltece e premeia, os que defenderam ideais de democracia, de direitos humanos, de liberdade, e hostiliza os que se situaram no oposto, em defesa ou na apologia de ditaduras, de absolutismos, como é o caso do Visconde do porto da Cruz, mesmo que tais intervenções possam ter anseios nacionalistas e a evocada defesa de valores e de tradições, que não justificam esses regimes prepotentes e ditatoriais, que os transformam em personagens sombrias e mal amadas da história.

Não obstante essa realidade, o registo histórico que nos leva a identificar e conhecer cada época, cada tempo, bem como os seus principais personagens - mesmo numa simples e concisa abordagem, como é o caso - não pode excluir desse olhar, todo o universo de intervenções e de agentes, pois todos integram a seu modo o contexto dos acontecimentos que deram corpo à nossa história, com tudo o que isso implica, não sendo curial omissões e parcialidades.O conhecimento amplo e integral da história, dos seus agentes,é um princípio de objectividade e uma condição para a percepção valorativa que a seu tempo possamos elaborar, mas na posse de todos os dados da realidade. A história do nosso País, seja em que época for, tem de dar conta dos factos e dos seus personagens, para além da sua acção, da sua ideologia, deixando aos vindouros a sua apreciação e a avaliação destes.

O Visconde do Porto da Cruz é assim um personagem "sui generis" da história, marcado por uma intervenção ideológica radical e de pendor conservador, apologista dos nacionalismos exacerbados fascistas - como foi o caso do regime italiano de Mussolini e alemão de Hiltler - na vertente monárquica - integralista nacional - a que acresce uma intervenção cultural muito vasta e diferenciada, em vários domínios, revelando neste aspecto, uma personalidade mais fecunda, mais aberta, menos intransigente e por isso este olhar e este registo à sua vida e obra, em contraponto com outras personagens, regionais, do seu tempo, com outra visão do mundo e da política.

Vida e Obra

Alfredo António de Castro Teles de Meneses de Vasconcelos de Bettencourt de Freitas Branco, nasceu no Funchal/Madeira, a 1 de janeiro de 1890 e faleceu a 28 de Fevereiro de 1962.

Filho de Luis Vicente de Freitas Branco e de Ana Augusta de Castro de Freitas Leal.Casou-se com Beatriz Manuela Tavares de Almeida Carvalho Larica, sendo seus filhos:

- Silvano José de Freitas Branco (1925-2013) - mais tarde seria o 2º Visconde do Porto da Cruz

- Maria Manuela Freitas Branco

- Maria Francisca Freitas Branco

- Luis Filipe Freitas Branco

A Alfredo Freitas Branco foi concedido o título nobiliárquico de Visconde do Porto da Cruz por D.Manuel II em 1921, então já no exílio, uma vez que este ultimo monarca português, após a implantação da República fora viver para Londres( Reino Unido), tendo reinado pouco tempo, ou seja, depois do regicidio - morte por atentado de seu pai o Rei D. CarlosI em Fevereiro de 1908 - até 5 de Outubro de 1910. Este título de Visconde foi reconhecido pelo Conselho da Nobreza em 1949.

( Observe-se, como anotação histórica, quanto à atribuição do título de Visconde do Porto da Cruz, consta no 2º volume do livro " Notas e comentários sobre a história literária da Madeira -1951- que o título de 1º Visconde do Porto da Cruz terá sido concedido a Valentim de Freitas Leal Moniz Teles de Meneses Vasconcelos ( 1790-1879) ilustre representante da familia Leal, do Porto da Cruz, bisavô materno de Alfredo de Freitas Branco, que não obstante, recusara tal titulo).

Refira-se, em termos de genealogia familiar, que o pai do Visconde do Porto da Cruz - Luis Vicente Freitas Branco - era filho do Conselheiro Silvano de Freitas Branco ( 1828-1918), e irmão de João de Freitas Branco (1855-1910) dramaturgo com obra publicada e do advogado Fidélio de Freitas Branco (1861-1918), progenitor dos famosos compositores/musicos Luis Freitas Branco e Pedro Freitas Branco, pelo que constata-se a ligação familiar entre o Visconde e os célebres músicos portugueses, respectivamente tio e primos deste.Ou seja a família FREITAS BRANCO, quer no ramo familiar dos músicos/compositores de renome nacional e internacional, quer no que respeita ao Visconde e familia, são oriundos, na sua génese, da Madeira e parentes.

Alfredo Freitas Branco (Visconde do porto da Cruz) frequentou no Funchal a Escola do Hospício D.Maria Amélia e o Colégio de D. Laura Estela. Em 1901, vai para Lisboa estudar no Colégio de Campolide ( Jesuítas), mas por razões de doença regressa à Madeira, onde conclui os estudos liceais. Posteriormente frequenta o Curso de Direito em Lisboa, sem o concluir (5ºano). Faz o Curso superior de Alfândega e ingressa na Escola de Guerra, onde conclui a especialidade de artilharia como oficial (cadete).

Vida Política

Alfredo Freitas Branco, Visconde do porto da Cruz marcou a sua vida e a sua intervenção política e social, como homem conservador, monárquico tradicionalista, defensor do poder real absoluto, dos valores nacionalistas, posição fundamentalista que orientou toda a sua acção e actividade ideológica, de modo a que, no contexto conturbado que o País viveu no seu tempo, de acesas lutas partidárias - sobretudo entre monárquicos e republicanos - quer no período da monarquia constitucional, quer no decurso dos acontecimentos revolucionários que conduziram à queda da monarquia e à consequente implantação da república e depois no seio desta, em tempos de instabilidade política, exacerbaram a sua postura e o seu posicionamento ideológico, ao ponto de ser apologista e vivo apoiante dos ideais fascistas, numa Europa em pleno conflito, assumindo também posição pró-germânica, anti-semita e de extrema direita,registo que o definiu para a história no campo não democrata e ditatorial, o que não o beneficia no contexto da avaliação histórica, que evidencia as personagens que pugnaram pela liberdade, pela democracia, pelos valores da Humanidade.

Mas é mesmo assim, a história faz-se de todos os seus intervenientes - heróis e vilões - mas distingue os lutadores e revolucionários, dos que deram corpo e alma à liberdade e à democracia, em defesa da modernidade e do progresso com justiça social.

Vejamos o essencial do percurso político do Visconde :

Monárquico, foi marcado pelo regicídio, que representava o fim do regime que entendia mais adequado - sobretudo a monarquia absoluta e tradicional - e por isso o seu posicionamento contra os democratas e republicanos, na procura do restabelecimento e restauração da monarquia, da Pátria lusitana e do catolicismo, entendendo que o Rei personificava a estabilidade e a ordem.

Com a implantação da República em Portugal, face à instabilidade política e social que existia e a luta expressa ou oculta entre monarcas e republicanos, o Visconde acabou por sair do País e exilar-se em Espanha. A partir da Galiza colaborou nas incursões monárquicas de 1911-1912, comandadas por Paiva Couceiro - militar monárquico, integralista - que não foram bem sucedidas. Após o combate de Chaves ( 8 de Julho de 1912) parte para França, onde convive com os apoiantes da Action française (AF) nacionalistas, que inspiram o Integralismo Lusitano, ao qual adere, colaborando na criação do Integralismo lusitano da Madeira (1917) movimento que defendia a monarquia integral, contra a constitucional , bem como os valores tradicionais e o catolicismo.

Em 1918 vai para Lisboa para apoiar Sidónio Pais, de quem era incondicional e fervoroso apoiante.Com a subida ao poder deste, o Integralismo lusitano ganhou mais expressão, pois viam em Sidónio Pais, uma possibilidade de retorno a regime mais ditatorial, de restrição e condicionamentos aos republicanos, o que criava esperança e expectativas de um eventual retorno ao regime monárquico.

Pela sua participação na formação das Juntas militares que apoiaram o Sidonismo, por ser um dos militares responsáveis nesse processo, foi demitido do exército a 29 de Maio de 1919.

Entretanto prosseguiu a sua luta contra o regime, tendo participado em varias conspirações monárquicas para derrubar o regime democrático-republicano, que fracassaram.

Em 1920 a Junta geral do Integralismo Lusitano, reconheceu e declarou, como herdeiro do trono de Portugal, o príncípe D. Duarte Nuno de Bragança, embora esta posição não fosse consensual no seio do movimento, mantendo-se um grupo apoiando D.Manuel II - entre os quais o Visconde do Porto da Cruz - do que resultou a formação da Acção tradicionalista Portuguesa, que passou a ser conhecida, a partir de 1933, como Acção Realista.

O Visconde participou activamente no movimento militar da revolução do 28 de Maio de 1926, que fez cessar a 1ª República (1910-1926) e deu inicio ao Estado Novo e ao salazarismo.

O integralismo Lusitano, terá sido, uma das bases da fundamentação do Estado Novo, apoiando o regime ditatorial de Salazar, reflectindo, ao que consta, a posição de D.Manuel II no exílio, corroborado pelo facto de mais tarde, em 1932, os monárquicos terem sido convidados pelo ditador a integrar a União Nacional, uma vez que estes não vislumbravam a possibilidade de restabelecer a monarquia no nosso País. Alguns integralistas fundaram o movimento nacional-sindicalista - movimento político de extrema direita - no qual se destacaram os "camisas azuis", seguindo os modelos fascistas de Itália e do III Reich alemão, movimento que o Visconde apoiou, na linha dos seus princípios ideológicos.

Quando da revolta da Madeira contra a ditadura salazarista (1931), não obstante os seus ideais regionalistas - falavam mais alto os seus ideários nacionalistas e anti-republicanos - o visconde do porto da Cruz apoiou e auxiliou de forma determinante as tropas expedicionárias governamentais, colaborando no combate aos revoltosos, ao ponto do Coronel Fernando Augusto Borges, comandante das forças, ter atestado esse empenho, afirmando : " o Sr. Alfredo de Freitas Branco, prestou relevante serviço à Ditadura provendo o rápido transporte da unidade para o Funchal, dando-lhe valiosas indicações para o exercício da sua missão e com este cooperando no estabelecimento da ordem e da autoridade legítima no Funchal".

Uma das facetas mais conhecidas e marcantes de Alfredo Freitas Branco,pela negativa, como homem de extrema direita, mostrando o seu "lado obscuro e lunar", dando corpo à sua predilecção de germanófilo e de apologia dos ideários do regime Alemão de Hitler, em conta corrente com os ideários europeus dominantes de democracia e liberdade, foi o facto de durante a segunda Guerra mundial, ter estado em na Alemanha/Berlim ( de Maio de 1944 a Julho de1945) onde na Rádio da cidade Berlim, participou na propaganda nazi, para os ouvintes de expressão portuguesa, proferindo palestras pró-alemãs em defesa da sua acção bélica e dos méritos dessa intervenção, na defesa da ideologia, da raça e do fervoroso anti-semitismo, num espaço designado "pontos nos ii", fazendo a apologia do regime Hitleriano. Dessa experiência, publicou mais tarde 3 livros "Como vi o Fim da Guerra na Alemanha "(1946); "Memórias da Guerra na Alemanha" (1954) e "Contos Vividos na Guerra" ( 1954).

Da sua acção anti-semita, revelando o seu ódio aos judeus, deu expressão, insurgindo-se contra estes, em artigos de opinião " O perigo judeu" e " A inflltração hebraica" que publicou em revistas e jornais da época, revelador do seu perfil ideológico e determinante da imagem nefasta que deixou para a história, no elenco dos personagens mal amados, por apologia do fascismo/nazismo, ou seja, em negação da democracia, da liberdade e dos valores da dignidade da pessoa humana, que a generalidade dos europeus e ocidentais defendiam.

Contudo, ao que consta nos documentos da época e nas memórias publicadas, o Visconde do Porto da Cruz, seria na Rádio Berlim, um dos menos radicais, na difusão dos ideais nazis, assumindo em algumas situações posições mais moderadas, que suscitavam reparo das hostes germanófilas, como foi o caso quando da proibição por Salazar da exportação de Volfrâmio para a Alemanha em que este não apoiou a condenação deste acto pelo Ministério Alemão da propaganda, bem como no caso das criticas alemães ao Papa Pio XII, uma vez que tal ia contra a sua religião católica e o catolicismo do povo português.

Registe-se que o Visconde alegou nas suas memórias que não apoiava a guerra, os seus horrores e os exageros desta, sendo que se assumia sobretudo na vertente anti-bolchevista (anticomunista) e na sua admiração pelo sistema do Reich , pelo povo alemão e pelo País, para ele, exemplo de progresso, valor e desenvolvimento.

Evidentemente não estaria em causa a sua admiração pela Alemanha, como referiu " As minhas simpatias sempre foram para a Alemanha e esse povo incomparável", como País e Povo, mas quando apoia o regime do III Reich e de Hitler - como o de Mussolini em Itália - e os ideiais políticos destes, sobretudo quando a acção política destes ditadores, extravasa o domínio do admissível,do humano e do razoável, nas pretensões hegemonistas e eugénicas racistas e sobretudo com as páginas negras e horrorosas do holocausto, do extermínio e dos campos de concentração, pactuar com essa realidade situa os seus apologistas no plano dos execráveis,destituídos de sentimento e humanidade, o que é intolerável e condenável e nisso a história é justificadamente implacável e não contemporiza, nem aceita, como aconteceu com o Visconde do porto da Cruz. E é pena que isso tenha ocorrido, pois um homem com a dimensão cultural que ele acabou por revelar na sua obra literária e cultural, deveria ter optado por outros rumos, mesmo sendo nacionalista e monárquico, sem chegar a extremos, de opções tão inaceitáveis, como acabou por acontecer, por opção própria do Visconde, de outra maneira,teria um lugar bem diferente na história do seu país e da sua terra natal.

O Barão da Penha de Águia: Como nota, a propósito da personagem e do fervor pró-germânico e nazi do Visconde, no romance de Helena Marques " O Bazar Alemão", que retrata a vida social da Madeira, nos tempos precedentes da eclosão da 2ª Guerra Mundial, onde coexistia uma comunidade estrangeira, sobretudo anglófona, mas também com núcleos de alemães, onde nestes já sobressaíam os pró-hitlerianos que no seio da sua comunidade perseguiam os judeus alemães. Nesta obra existe um personagem identificado como Barão da Penha de Águia - designação do morro existente no Porto da Cruz - que se enquadra no perfil do Visconde do Porto da Cruz, tal o seu empenho na causa alemã, orador brilhante que em toda a parte, mesmo num velório, propagandeava a causa alemã, sobretudo a nova Alemanha nacional-socialista " tão disciplinada, tão patriótica, tão desenvolvida" revelando uma simpatia inusitada e obsessiva pelo III Reich e por Hitler. O referido barão da Penha de Águia ( na verdade reportando-se ao Visconde do Porto da Cruz) afirmava que tinha assistido aos jogos olímpicos de Berlim " onde tivera a elevada honra de estar presente, incluído na delegação portuguesa,tendo o privilégio de ser apresentado ao Fuhrer Hitler e de apertar-lhe a mão".

VIDA CULTURAL

Se a vida e a obra de Alfredo de Freitas Branco - Visconde do porto da Cruz - se tivésse circunscrito apenas e só ao essencial da sua vasta intervenção cultural, como estudioso da cultura e das tradições madeirenses, no campo da etnografia, do Folclore, da música popular, das lendas, superstições e crendices, da flora, da gastronomia, do património material e imaterial da Madeira, da economia e do turismo,bem como de jornalista e escritor de romances, novelas e contos, teria deixado um outro lastro intelectual e distinto, que a história enalteceria e como tal seria recordado. Mas não. O impacto das suas ideias políticas e da sua apologia das ditaduras e dos regimes fascistas, ganharam relevância, pela negativa e secundarizaram o seu acervo cultural.

Regista-se que apesar de manifestações e trabalhos no âmbito dos seus ideários monárquicos e integralistas, e da sua visão da literatura que se publicava na época " influenciada pela negação dos valores nacionais, uma literatura agressiva, revolucionária, parcial e partidária" publicou uma vasta obra literária - ao que consta instigado pelo seu tio, escritor e dramaturgo João de Freitas Branco (1855-1910) que incentivou a sua vocação literária - revelador das suas preocupações culturais e da divulgação das tradições e da cultura madeirense.

Foi jornalista, publicista, escritor, membro de várias associações culturais. Criou, dirigiu e colaborou em vários jornais e revistas ( A Nação, A tradição, o Realista,A monarquia,A Independência, A Ilustração madeirense,A Revista portuguesa, Diário da manhã,Diário de Noticias, A Brotéria, entre outros ).

Da sua obra no plano cultural , destacamos para demonstrar a sua dimensão e importância:

- Etnografia : A matriz cultural madeirense - Folclore madeirense- as danças populares e as musicas tradicionais;

- Tradições, Crenças e Lendas;

- A Flora madeirense na medicina popular;

- A fauna terrestre na Madeira;

- A fauna marítima da Madeira;

- A culinária madeirense;

- Medicina popular e gastronomia;

- Notas e apontamentos para a história literária da Madeira - 3 volumes;

- Versos e trovas da Madeira;

- O traje regional madeirense;

- Legítimos interesses madeirenses - o Turismo e transportes

- Problemas da Economia : Agricultura, comércio e indústria da Madeira;

- Peças de teatro : " A madrinha de guerra", "Auto de primavera", " A confidência" , "É Fidalgo?" e " A canção de Solveig"

- Romances : " O destino - romance histórico (1915) -livro que dedicou a seu tio João de Freitas Branco; "No exílio: cenas da vida dos conspiradores monárquicos( "1917);"Ana Clara" ; "Charcos"; " O mistério de João Cristovão", " Fantoches"; " A revolta"; e " No mundo dos bichos";

- Contos : " Esboço"; " A Viagem aventurosa de Suvenine Boliface a Zelztrup- um continente e uma ilha imaginária ";

- Livros de âmbito político : " Paixão e morte de Sidónio Pais";"Como Vi o fim da Guerra"; " Memórias da Guerra na Alemanha" e "Contos vividos na guerra"; " Olhando o passado...considerando o futuro " e " A política social na lição da história";

- " A revolução literária de Ibsen" - estudo sobre a obra do escritor norueguês Ibsen.

Note-se que consta da sua actividade que foi conferencista e orador em muitas sessões sobre os mais variados temas, quer na Madeira, quer no país e estrangeiro, abordando a temática regional e os assuntos em que se especializou - etnografia, folclore, tradições, lendas, estudos monárquicos e sociais - como estudioso, escritor e jornalista.

Conclusão

Neste apontamento conciso e residual, sobre a vida e obra de Alfredo de Freitas Branco - Visconde do Porto da Cruz - sublinhamos apenas o essencial do seu percurso de vida.Fica patente o perfil deste personagem da história da Madeira e do País, mais marcado pelo cariz das suas opções ideológicas, como monárquico, nacionalista,conservador, regionalista, integralista, nacional-sindicalista, germanófilo, apoiante dos ideais absolutistas e fascistas, a par de uma intervenção cultural vasta e prolixa, como estudioso, jornalista, escritor e conferencista, o que torna a sua obra e a sua vida complexa e controversa, em polos de intervenção e de expressão antagónicos e díspares, sendo por isso um personagem singular, polémico, contestado, hostilizado pelo seu radicalismo ideológico,ostracizado pelos valores que defendeu, talvez por isso a justificar este registo e esta memória, que apenas pretende ser factual, independentemente de não subscrevermos de todo, a sua postura e ideologia, mas não deixa de ser um interveniente da história do seu tempo, que importa referenciar, até como contraponto de outros, com sinais distintos e mais meritórios de intervenção.

A história faz-se de tudo o que ela integra, de positivo e negativo, dos personagens que se evidenciam pela defesa de causas nobres, de valores e de humanidade e pelos outros.

Documentação: para elaboração deste trabalho síntese, apoiámo-nos em várias leituras dispersas sobre a obra e vida do visado, em vários jornais e revistas. Destacamos a consulta ao ABM - Arquivo regional e Biblioteca Pública da Madeira - arquivo do Visconde do Porto da Cruz e a Dissertação de mestrado de Sílvia Gilberta Gomes/UMA " A promoção cultural madeirense na obra do Visconde do porto da Cruz".


Nota : De acordo com noticia publicada no DN da Madeira, no dia 19 de novembro de 2022, faleceu a Viscondessa do Porto da Cruz, sua alteza a Princesa Jacqueline Rose de Croy-Solre de Freitas Branco, que fora casada com Silvano José de Freitas Branco (2º Visconde do Porto da Cruz, falecido em 2013). São filhos deste casal: Rodrigo de Croy de Freitas Branco (1963) e Mafalda Croy de Freitas Branco (1966).


* Rui Gonçalves da Silva - Madeira /Julho/2017