De vez em quando, muito escassamente,uma ou outra notícia, chegava a dar conta desse Reino, a referenciar sempre aspectos singulares, diferentes do resto do mundo, sempre numa lógica de excepção, a revelar esse recanto de vida feliz, simples e natural, onde era possível sentir a pacatez de uma vida em harmonia com a natureza e onde as pessoas usufruíam de uma verdadeira qualidade de vida, no que isto significa de quietude e bem estar. Era esse o encanto de um País distante, exótico, mágico, que via nos livros e em vagas fotos, e nas imagens, deliciosas, das suas gentes e da natureza, exuberante, com rios cristalinos, montanhas, céu e nuvens e todo o colorido das tradições, nas bandeiras, nos trajes e nas casas. Mais recentemente, noticias desse reino feliz, onde em vez do PIB, falavam do FIB ( a felicidade interna bruta da sua gente), medido em níveis do padrão de vida, boa governação, vitalidade da comunidade, uso do tempo, meio ambiente, educação, tradição e vem estar emocional. Uma felicidade escrita nas estrelas, tudo a contribuir para essa magia, essa ideia de um reino singularmente diferente. Este Butão, este reino assim definido e imaginado, esse espaço mítico na terra, pairava no meu inconsciente, no lugar dos encantos, num limbo, na memória dos sítios aonde a utopia podia acontecer, tão naturalmente, na simplicidade de um viver em harmonia. Recentemente amigos meus visitaram o Butão e assim reavivaram em mim a memória doce de um reino perdido no tempo e dessa visita deram contam dessa realidade, tal como a sentiram. Encontraram esse reino nessa simplicidade das tradições, na suas especificidades, nas suas gentes hospitaleiras e gentis, na sua quase ruralidade, calmos e pacientes, como decorre da religião budista ( a mente e o corpo têm de estar em harmonia e o homem com a natureza). Deste País, deste reino, das suas cidades (a capital Thimphu, Paro, Punaka entre outras), das suas tradições, das suas gentes, deste Povo Feliz, fica este registo, com o sentimento de querer manter, para mim, este visão onírica, de um dos poucos sítios, onde a felicidade pode ser possível, entendida na simplicidade de um viver próprio. * Rui Gonçalves da Silva/Madeira |